sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sobre o perdão



Pedro: Mestre, Tiago e eu não estamos de acordo sobre teus ensinamentos com respeito à redenção do pecado. Tiago afirma que tu nos ensina que o Pai nos perdoa até antes de pedirmos. Eu sustento que o arrependimento e a confissão devem preceder o perdão. Qual de nós está certo? 

Meus irmãos, errais em vossas opiniões porque não compreendeis a natureza das íntimas e amorosas relações entre a criatura e o Criador, entre os homens e Deus. Não alcançais o conhecimento da compaixão compreensiva que os pais sábios têm para com seus filhos imaturos e, às vezes, equivocados. 

Duvido que um pai inteligente e amoroso precise alguma vez perdoar um filho normal. Relações de compreensão associadas ao amor impedem desavenças que mais tarde requeiram reajuste e arrependimento por parte do filho e perdão por parte do pai. 

Digo-vos que uma parte de cada pai vive no filho. E o pai desfruta de prioridadee superioridade de compreensão em todos os assuntos relacionados com o filho. 

O pai pode ver a imaturidade do filho por meio de sua própria maturidade: a experiência mais amadurecida do velho.

Pois bem, para com os filhos pequenos, o Pai Celestial tem infinita simpatia e compreensão amorosa. O perdão divino, portanto, é inevitável. É inerente e inalienável à infinita compreensão de Deus e a seu perfeito conhecimento de tudo quanto concerne aos juízos errôneos e opções equivocadas do filho. Ajustiça divina é tão eternamente justa que inclui, inevitavelmente, o perdão compreensivo. 

Quando um homem sábio entender os impulsos íntimos de seus semelhantes, ele os amará. E quando amardes vosso irmão, já o tereis perdoado. Esta capacidade de compreender a natureza do homem e perdoar seus aparentes equívocos é divina. Em verdade vos digo que, se fordes pais sábios, esta deverá ser a forma de amardes e compreenderdes vossos filhos. E até os perdoareis quando um desacordo momentâneo vos houver separado.

O filho, sendo imaturo e carente de compreensão quanto à profunda relação pai-filho, terá freqüentemente uma sensação de separação diante de seu pai. Mas o verdadeiro pai nunca admitirá essa separação. O pecado é a experiência da consciência da criatura; não faz parte da consciência de Deus.

Vossa falta de capacidade e de vontade de perdoar vossos semelhantes é a medida da vossa imaturidade e a razão dos fracassos na hora de alcançar o amor. 

Vós manterdes rancores e alimentais vinganças na proporção direta da vossa ignorância sobre a natureza interna e os verdadeiros desejos de vossos filhos e do próximo. O amor é o resultado da divina e íntima necessidade da vida. Funda-se na compreensão, nutre-se do serviço generoso e aperfeiçoa-se na sabedoria.

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