sábado, 30 de julho de 2011

A EVOLUÇÃO DO GOVERNO REPRESENTATIVO

VOTE by Theresa Thompson




A democracia, enquanto um ideal, é um produto da civilização, não da evolução. Ide devagar! Escolhei com cuidado! Pois os perigos da democracia são:
1. A glorificação da mediocridade.
2. A escolha de governantes vis e ignorantes.
3. O fracasso em reconhecer os fatos fundamentais da evolução social.
4. O perigo do sufrágio universal nas mãos de maiorias pouco instruídas e indolentes.
5. A escravidão à opinião pública; a maioria nem sempre está certa.
A opinião pública, a opinião comum, sempre atrasou a sociedade; contudo, ela é valiosa, pois, conquanto retarde a evolução social, ela preserva a civilização. A educação da opinião pública é o único método seguro e verdadeiro de acelerar a civilização; a força é um expediente apenas temporário, e o crescimento cultural irá acelerar cada vez mais, se a arma que lança projéteis der lugar à arma pelo voto. A opinião pública e os costumes são a energia básica e elementar da evolução social e do desenvolvimento do estado, mas para que tenha valor, para o estado, deve ser não violenta na sua expressão.
A medida do avanço da sociedade é diretamente determinada pelo grau com que a opinião pública pode controlar o comportamento pessoal e pelas regulamentações do estado, por meio de expressões não violentas. Um governo realmente civilizado terá chegado quando a opinião pública estiver investida dos poderes do voto pessoal. As eleições populares nem sempre podem decidir corretamente as coisas, mas elas representam o modo certo, até mesmo de fazer uma coisa errada. A evolução não produz, de imediato, a perfeição superlativa, ela faz um ajustamento antes comparativo e de avanço prático.
Há dez passos, ou estágios, na evolução de uma forma de governo representativo que seja prática e eficiente, e esses passos são:
1. A liberdade da pessoa. A escravidão, a servidão e todas as formas de sujeição humana devem desaparecer.
2. A liberdade da mente. A menos que um povo livre esteja bem instruído – preparado para pensar inteligentemente e para planejar com sabedoria –, a liberdade, em geral, causa mais mal do que bem.
3. O âmbito da lei. A liberdade pode ser desfrutada apenas quando as vontades e os caprichos dos governantes humanos são substituídos pelos atos do legislativo, de acordo com a lei fundamental aceita.
4. A liberdade de discurso. Um governo representativo é inconcebível sem liberdade para todas as formas de expressão, para as aspirações e as opiniões humanas.
5. A segurança da propriedade. Nenhum governo pode resistir muito, se deixar de proporcionar o direito ao desfrute da propriedade pessoal de alguma forma. O homem anseia pelo direito de usar, controlar, dar, vender, alugar e legar a sua propriedade pessoal.
6. O direito de petição. O governo representativo assume o direito de serem ouvidos, que os cidadãos têm. O privilégio de petição é inerente à cidadania livre.
7. O direito de governar. Não é suficiente ser ouvido; o poder de reivindicar deve progredir até à administração factual do governo.
8. O sufrágio universal. O governo representativo pressupõe um eleitorado inteligente, eficiente e universal. O caráter desse governo será determinado sempre pelo caráter e pelo calibre daqueles que o compõem. À medida que a civilização progride, o sufrágio, ainda que permanecendo universal, para ambos os sexos, deverá ser efetivamente modificado, reagrupado e diferenciado de outros modos.
9. O controle dos servidores públicos. Nenhum governo civil será útil e eficiente, a menos que os cidadãos possuam e façam uso de técnicas sábias para conduzir e controlar os cargos e os funcionários.
10. Uma representação inteligente e treinada. A sobrevivência da democracia depende de um governo representativo que tenha êxito; e isso é condicionado à prática de eleger aos postos públicos apenas indivíduos tecnicamente treinados, que sejam intelectualmente competentes, socialmente leais e moralmente adequados. Apenas com essas precauções pode o governo do povo, pelo povo e para o povo ser preservado.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Qual a causa do sofrimento?

photo by Sila Dhamma

A causa do sofrimento reside no apego. Apego a conceitos, a pessoas, situações, a idéias, a religiões, a times de futebol, a coisas, …

domingo, 24 de julho de 2011

As três peneiras

Zeef / Sieve por mooste


Um rapaz procurou Sócrates e disse que precisava contar-lhe algo.
Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Três peneiras?
- Sim. A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido contar, a coisa deve morrer aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade.
Deve então passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo?
Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta e, arremata Sócrates:
-Se passar pelas três peneiras, conte! Tanto eu, você e seu irmão nos beneficiaremos. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e levar discórdia entre irmãos, colegas do planeta.
Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.

Sociedade Escravista Moderna

Of The Earth por Lucas Krech, no Flickr
Cada um de nós nasce com qualidades únicas que trazemos como dons para partilhar na confecção do tecido da Vida em nosso tempo.
Assim, somos todos iguais perante lei.
Assim, somos todos iguais sob sol.
Da terra nascemos e para ela retornamos.
O trabalho executado em espontânea alegria é digno e a todos dignifica.

Porém, o que vemos, e, somos coniventes no à seguir:
Às custas de salários mínimos, pessoas iguais à nós, vivem vidas minguadas, isoladas na escassez e rodeadas pela abundância.
Lhes são negados o devido reconhecimento por seus dons. Isso, quando não são negados à elas o conhecimento dos próprios dons.
Trabalham em condições injustas por verem-se à margem da lei que deveria protege-las. Não percebem um horizonte pois na ilusão da sobrevivência tem os olhos voltados à terra donde nasceram.
A elas lhes são negadas direitos que poucos de nós usufruem pelo simples fato de não possuírem uma certa quantia do objeto de troca que deveria atuar como medianeiro facilitante entre as relações comerciais dos trabalhadores em geral.
Assim, estas pessoas são excluídas e marginalizadas de participar amplamente das conquistas da sociedade, que como um todo, construiu.

Eis os escravos de nosso tempo. Subjugados pela aparente liberdade de um salário indigno no fim dum mês.

De fato, se desejamos ser em verdade livres, é inteligente trabalhar pela libertação de todos. Pois por quanto não percebemos o horizonte estamos olhando para nós mesmos olhando para chão.
Assim somos escravos também ao nosso turno. Fechando os olhos para o que está evidente e acreditando na mentira de ser menos ou mais importante que qualquer um dos que compõem o tecido da Vida.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Estamos ensinando nossos filhos em que pensar, em vez de ensiná-los a pensar?

Child boy face with butterfly
by Hagerty Ryan, U.S. Fish and Wildlife Service



...A maior parte da raça humana decidiu que o significado, o objetivo e a função da educação é fornecer conhecimento – em geral, o conhecimento acumulado da família, do clã, da tribo, da sociedade, da nação e do mundo da pessoa.

Contudo, a educação tem muito pouco que ver com o conhecimento.

...Então tem a ver com o quê?
Com a sabedoria.
Sabedoria... Qual é a diferença?
Sabedoria é conhecimento aplicado.

Então não devemos tentar dar a nossos filhos conhecimento, mas sabedoria.(?)

Em primeiro lugar, não “tente” fazer coisa alguma. Faça. Em segundo, não ignore o conhecimento a favor da sabedoria. Isso seria fatal. Por outro lado, não ignore a sabedoria a favor do conhecimento. Isso também seria fatal. Acabaria com a educação. Em seu planeta, está acabando com ela.

Estamos ignorando a sabedoria a favor do conhecimento?
Na maioria das vezes, sim.

Como estamos fazendo isso?
Vocês estão ensinando a seus filhos em que pensar, em vez de ensiná-los a pensar.

...Quando vocês transmitem a seus filhos conhecimento, estão lhes dizendo em que pensar. Isto é, o que supõem  que eles devem saber, o que querem que compreendam que é verdadeiro.

Quando vocês transmitem a seus filhos sabedoria, não lhes dizem o que saber, ou o que é verdadeiro, mas como chegar às suas próprias verdades.

Mas sem conhecimento não pode haver sabedoria.
Concordo. É por isso que Eu disse que você não pode ignorar o conhecimento a favor da sabedoria. É óbvio que uma certa quantidade de conhecimento deve ser passada de uma geração para outra. Mas a mínima quantidade possível. Quanto menos, melhor.

Deixe a criança descobrir por si mesma. Saiba que o conhecimento é perdido. A sabedoria nunca é esquecida.

Então nossas escolas deveriam ensinar o mínimo possível?
Elas deveriam mudar seu enfoque. Até agora se concentraram muito no conhecimento, dando pouca atenção à sabedoria. Muitos pais consideram ameaçadoras as aulas que desenvolvem o pensamento crítico, a solução de problemas e a lógica. Desejam que essas aulas deixem de fazer parte do curriculum, para proteger o seu estilo de vida. Porque as crianças que podem desenvolver os seus próprios processos de pensamento crítico tendem a abandonar os princípios morais, os padrões e todo o estilo de vida dos pais.

Para proteger o seu estilo de vida, vocês criaram um sistema educacional baseado no desenvolvimento da memória, não das habilidades, da criança. Elas aprendem a se lembrar de fatos e histórias inventadas – as histórias que todas as sociedades inventaram sobre si mesmas – em vez de desenvolver a habilidade para descobrir e criar as suas próprias verdades.

Os programas que fazem as crianças desenvolverem as habilidades em vez da memória são bastante ridicularizados por aqueles que imaginam que sabem o que uma criança precisa aprender. Contudo, o que vocês têm ensinado a seus filhos levou o seu mundo à direção da ignorância, não para longe dela.

...Nós mentimos para nossos filhos?
É claro que sim. Pegue qualquer livro de História e veja. Suas histórias são escritas por pessoas que querem que seus filhos vejam o mundo de um determinado ponto de vista. Qualquer tentativa de expandir os relatos históricos com uma visão mais ampla dos fatos é ridicularizada e chamada de “revisionista”. Vocês não dizem a verdade sobre seu passado para seus filhos, para que eles não os vejam como realmente são.

A maior parte da História é escrita do ponto de vista do segmento da sociedade que vocês chamariam de homens protestantes anglo-saxões. Quando as mulheres, os negros ou outras minorias dizem: “Ei, esperem um minuto. Não é assim que aconteceu. Vocês deixaram muita coisa de fora aqui”. vocês protestam e exigem que os “revisionistas” parem de tentar mudar os seus livros escolares. Não querem que seus filhos saibam como realmente aconteceu. Querem que saibam como vocês justificaram o que aconteceu...

Seu mundo se tornou violento. Eu concordo com isso. Mas não se tornou violento devido ao que vocês permitiram que suas escolas ensinassem a seus filhos, mas ao que não lhes permitiram ensinar.

Vocês não lhes permitiram ensinar que o amor é tudo que existe.

Não lhes permitiram falar sobre um amor que é incondicional...

É verdade. E não permitirão que seus filhos aprendam a celebrar a si mesmos e a seus corpos, sua condição humana e seus maravilhosos “eus” sexuais – que saibam que são, antes de tudo, seres espirituais que habitam um corpo. Tampouco tratam seus filhos como espíritos encarnados.

Nas sociedades em que a sexualidade é discutida livremente e explicada e experimentada com alegria, praticamente não há crimes sexuais, apenas um pequeno número de nascimentos que ocorrem sem ser esperados, e não são “ilegítimos” ou indesejados. Nas sociedades muito evoluídas, todos os nascimentos são bênçãos, e zela-se pelo bem-estar de mães e filhos. De fato, essas sociedades não agiriam de outro modo.

Nas sociedades em que a História não serve aos interesses dos mais fortes e poderosos, os erros do passado são abertamente reconhecidos e nunca repetidos, e uma vez é o bastante para os comportamentos claramente autodestrutivos.

Nas sociedades em que são ensinados o pensamento crítico, a solução de problemas e as habilidades necessárias para viver, em vez de fatos simplesmente memorizados, até mesmo os assim chamados atos “justificáveis” ao passado são amplamente examinados. Nada é aceito de imediato.

Como isso funcionaria? Vamos usar o nosso exemplo da Segunda Guerra Mundial. Como um sistema escolar ensinando as habilidades necessárias para viver, em vez de meramente fatos, trataria do episódio histórico de Hiroshima?

Seus professores descreveriam para suas classes exatamente o que aconteceu lá. Incluiriam todos os fatos – todos – que levaram a esse episódio. Tentariam expor as opiniões dos historiadores americanos e japoneses, dando-se conta de que há mais de um ponto de vista a respeito de tudo. Eles não pediriam para a classe memorizar os fatos, mas a desafiariam. Diriam: “Agora vocês já sabem tudo sobre Hiroshima, o que ocorreu antes e depois. Nós lhes fornecemos o máximo de ‘conhecimento’ que pudemos obter a respeito desse episódio. Qual é a ‘sabedoria’ que esse ‘conhecimento’ lhes traz? Se vocês tivessem sido escolhidos para solucionar os problemas que estavam sendo enfrentados naqueles dias, e que foram solucionados com a bomba, como iriam solucioná-los? Podem pensar em um modo melhor?”

...Qualquer um pode olhar para o passado e dizer: “Eu teria agido de modo diferente.”
Então por que vocês não agiram? Por que não olharam para o passado, aprenderam com ele e agiram de modo diferente? Eu lhe direi por quê. Porque permitir a seus filhos olhar para o passado e analisá-lo criticamente – de fato, exigir que fizessem isso como parte de sua educação – seria correr o risco de eles discordarem do modo como vocês agiram.

É claro que seus filhos discordarão de qualquer maneira. Só que vocês não lhes permitem discordar muito nas salas de aula. Então eles têm de ir para as ruas. Carregar cartazes. Rasgar cartões de recrutamento. Queimar soutiens e bandeiras. Fazer o que podem para atrair a sua atenção, para fazê-los ver. Os jovens têm gritado para vocês:

“Deve haver um modo melhor” Contudo, vocês não os ouvem. Não querem ouvi-los. E certamente não querem encorajá-los nas salas de aula a começar a ter um pensamento crítico sobre os fatos que lhes estão sendo apresentados.

Apenas os aceitem, dizem vocês para eles. Não venham aqui afirmar que fizemos as coisas errado. Apenas aceitem que as fizemos certo.

É assim que vocês educam seus filhos. É isso que têm chamado de educação...

Os jovens estão acabando com o seu estilo de vida. Sempre fizeram isso. Seu papel é encorajá-los a fazê-lo, não desencorajá-los.

Não são os seus jovens que estão desmatando as florestas tropicais. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso. Não são os jovens que Lhes estão cobrando pesados impostos, e depois usando o dinheiro para a guerra e as máquinas de guerra. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso. Não são os seus jovens que estão ignorando os problemas dos fracos e oprimidos, deixando milhares de pessoas morrer de fome todos os dias em um planeta com comida mais do que suficiente para todos. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso.

Não são os seus jovens que fazem uso da política da fraude e da manipulação. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso. Não são os seus jovens que são sexualmente reprimidos, têm vergonha de seus próprios corpos e passam essa vergonha para os seus filhos. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso. Não são os seus jovens que têm construído um sistema de valores que afirma que “poder é direito” e um mundo que resolve os problemas com violência. Eles estão pedindo que vocês parem de fazer isso.

Ou melhor, eles não estão pedindo … estão implorando...

Quando as súplicas dos jovens para mudar o mundo não são ouvidas e eles vêem que a sua causa está perdida – que vocês apesar de tudo agirão à sua própria maneira – os jovens, que não são estúpidos, fazem o que lhes resta fazer. Se não podem vencer o inimigo, unem-se a ele.

Seus jovens adotam os comportamentos de vocês. Se são violentos, é porque vocês são. Se são materialistas, é porque vocês são. Se fazem maluquices, é porque vocês fazem. Se usam o sexo de forma manipuladora, irresponsável e desonrosa, é porque os vêem fazendo o mesmo. A única diferença entre os jovens e as pessoas mais velhas é que os jovens agem às claras.

As pessoas mais velhas escondem os seus comportamentos. Acham que os jovens são cegos. Mas os jovens vêem tudo. Nada é escondido deles. Vêem a hipocrisia dos mais velhos, e tentam desesperadamente acabar com ela. Contudo, tendo tentado e fracassado, não vêem outra escolha além de imitá-la. Nisso eles estão errados, mas nunca aprenderam a agir de forma diferente. Nunca lhes foi permitido analisar criticamente o que as pessoas mais velhas faziam. Só lhes foi permitido memorizá-la.

O que você memoriza, memoriza.

Então, como deveríamos educar os nossos jovens?
Primeiro, tratem seus jovens como espíritos. Eles são espíritos, encarnados. Não é fácil para um espírito encarnar, ou se acostumar com o fato de que está encarnado. Isso é muito limitador. Então a criança chora porque está sendo subitamente muito limitada. Ouçam esse choro. Compreendam-no. E dêem a seus filhos a sensação mais profunda de “ausência de limitações” que puderem.
Depois, apresentem os seus filhos ao mundo que vocês criaram com gentileza e cuidado. Tenham muito cuidado com o que colocam em suas unidades de armazenamento de memória. As crianças se lembram de tudo que vêem e experimentam. Por que vocês batem em seus filhos no momento em que eles saem do útero? Realmente acham que esse é o único modo de fazer os seus mecanismos funcionarem? Por que levam seus bebês para longe de suas mães minutos depois de eles terem sido separados da única forma de vida que conhecem? Todos os processos de medição, pesagem e estimulação não podem esperar um pouco enquanto o recém-nascido experimenta a segurança e o conforto de quem lhe deu a vida?

Por que vocês permitem que algumas das primeiras imagens a que seus filhos são expostos sejam de violência? Quem lhes disse que isso era bom para eles? E por que vocês escondem as imagens de amor?

Por que vocês ensinam a seus filhos sentir vergonha de seus próprios corpos e de suas funções, escondendo seus corpos deles, e dizendo-lhes para nunca se tocarem de modos que lhes dão prazer?

Que mensagens vocês lhes enviam sobre o prazer? E que lições lhes ensinam sobre o corpo?

Por que vocês colocam seus filhos em escolas em que a competição é permitida e encorajada, ser o “melhor” e aprender “mais” é recompensado, o “desempenho” recebe notas e mover-se seguindo o próprio ritmo dificilmente é tolerado? O que seus filhos aprendem com isso?

Por que vocês não ensinam a seus filhos o movimento, a música e a alegria da arte, o mistério dos contos de fadas e as maravilhas da vida? Por que não trazem à tona o que já existe naturalmente nas crianças, em vez de tentar incutir-lhes o que é antinatural para elas?

E por que vocês não permitem a seus jovens aprender o pensamento lógico e crítico, a solução de problemas e a criação, usando as ferramentas de sua própria intuição e seu conhecimento interior mais profundo, em vez das regras, dos sistemas memorizados e das conclusões de uma sociedade que já provou ser totalmente incapaz de evoluir usando esses métodos, mas continua a usá-los?

Finalmente, ensinem conceitos, não matérias.

Criem um novo currículo baseado em três Conceitos Essenciais:

                  Consciência

                  Honestidade

               Responsabilidade

Ensine a seus filhos esses conceitos desde o início de suas vidas. Deixem que façam parte do currículo até o último dia. Baseie todo o seu modelo educacional neles. Façam com que todo o ensino seja feito a partir deles...

Quer dizer que tudo que vocês ensinam deveria ter a sua origem neles...

Desde as primeiras cartilhas até os seus livros mais sofisticados, todos os contos, e todas as histórias e temas, girariam em torno dos conceitos essenciais. Isto é, seriam histórias de consciência, honestidade e responsabilidade. Os conceitos seriam apresentados a seus filhos e incutidos neles.

De igual modo, as tarefas de escrita girariam em torno desses Conceitos Essenciais, e de outros que derivam deles, à medida que as crianças fossem desenvolvendo a capacidade de expressar-se.

Até mesmo a computação deveria ser ensinada dentro dessa estrutura. A aritmética e a matemática não são abstrações, mas as ferramentas mais básicas do universo para ganhar a vida. O ensino da computação deveria ser colocado no contexto da experiência de vida mais ampla de um modo que chamasse atenção para os Conceitos Essenciais e seus derivados.

O que são esses “derivados”?
Para usar uma palavra comum, são ramificações. Todo o modelo educacional pode ser baseado nelas, substituindo as matérias de seu currículo atual, que ensinam principalmente fatos.

Como, por exemplo?
Bem, vamos usar a nossa imaginação. Quais são alguns dos conceitos que são importantes para você em sua vida?

...honestidade, ...a Justiça... Tratar as pessoas bem... Viver em harmonia. Ser tolerante. Não magoar as pessoas. Vê-las como iguais. Essas são as coisas que eu gostaria de ensinar aos meus filhos...
...acreditar em si mesmo...
...caminhar com dignidade... tem que ver com o modo como nos conduzimos na vida, respeitamos as outras pessoas e o caminho que elas estão seguindo.

...E há muitos outros conceitos como esses que todas as crianças devem compreender profundamente para evoluírem e se tornarem seres humanos completos. Contudo, vocês não ensinam em suas escolas essas coisas de que estamos falando agora, que são as mais importantes na vida. Não ensinam o que significa ser honesto, responsável, ter consciência dos sentimentos das outras pessoas e respeitar os seus caminhos.

Vocês dizem que cabe aos pais ensinar essas coisas. Mas os pais só podem ensinar o que aprenderam. E seus erros causam sofrimento aos filhos. Portanto, vocês estão ensinando em seus lares a mesma coisa que seus pais lhes ensinaram...

Isso não é uma questão de culpa, mas de escolha. E se vocês não são responsáveis pelas escolhas que a humanidade tem feito, e continua a fazer, quem é?...
Eu lhe digo que enquanto vocês não estiverem dispostos a se responsabilizar por todas elas, não poderão mudar coisa alguma.

Não podem continuar dizendo que eles fizeram e estão fazendo isso, lamentando que não seja a coisa certa! Lembrem-se da maravilhosa fala do personagem das histórias em quadrinhos de Walt Kelly, Pogo, e nunca se esqueçam dela:

“Nós encontramos o inimigo – nós mesmos.”

...A humanidade não evoluiu em seus instintos mais básicos muito além da era do homem das cavernas. Contudo, todas as tentativas de mudar isso são menosprezadas. Todos os pedidos para examinar os seus valores, e talvez até mesmo para reestruturá-los, são recebidos com medo e depois com raiva. Agora Eu dou a idéia de ensinar conceitos mais elevados nas escolas. Ah, estamos realmente pisando em terreno perigoso!

Ainda assim, nas sociedades muito evoluídas, é exatamente isso que é feito.

...Mais uma vez, baseado no que vocês dizem como uma raça que estão tentando fazer – que é criar um mundo melhor – eles estão errados. As escolas são exatamente os lugares adequados para essa educação. Precisamente porque não têm os mesmos preconceitos dos pais, não compartilham as suas noções preconcebidas. Você viu os resultados em seu planeta decorrentes do fato de os pais passarem os seus valores para os filhos. Seu planeta está uma confusão.

Vocês não compreendem os conceitos mais básicos das sociedades civilizadas.

Não sabem como resolver os conflitos sem violência.

Não sabem como viver sem medo.

Não sabem como agir sem interesse pessoal.

Não sabem como amar incondicionalmente.

Esses são conhecimentos básicos – básicos – e vocês nem mesmo começaram a compreendê-los totalmente, muito menos a colocá-los em prática … depois de séculos e séculos.

Há alguma saída para essa confusão?
Sim! Está em suas escolas! Na educação de seus jovens! Sua esperança está na próxima geração, e na seguinte! Mas vocês têm de parar de incutir-lhes as normas de vida antigas. Elas não funcionaram. Não os levaram onde dizem que querem ir. Contudo, se não tiverem cuidado, chegarão exatamente ao lugar para onde se dirigiram!

Então parem! Dêem meia-volta! Criem a versão maior da visão melhor que já tiveram de si mesmos como uma raça humana. Depois, peguem os valores e conceitos compatíveis com essa visão e os ensinem em suas escolas.

Por que não cursos como:

• Poder de Compreensão
• Resolução Pacífica de Conflitos
• Elementos de Relações Amorosas
• Personalidade e Criação de Si Mesmo
• Corpo, Mente e Espírito: Como Funcionam
• Criatividade Cativante
• Celebração do Eu, Valorização das Outras Pessoas
• Expressão Sexual Prazerosa
• Justiça
• Tolerância
• Diversidades e Similaridades
• Economia Ética
• Consciência Criativa e Poder da Mente
• Consciência e Despertar
• Honestidade e Responsabilidade
• Visibilidade e Transparência
• Ciência e Espiritualidade
...
Eu não estou falando de uma unidade de dois dias em um curso com a duração de um semestre, mas de cursos separados sobre cada uma dessas coisas, uma revisão completa dos currículos de suas escolas. Estou falando de um currículo baseado em valores. Seu currículo atual é em grande parte baseado em fatos.

Estou falando sobre concentrar a atenção de seus filhos tanto na compreensão dos conceitos essenciais e das estruturas teóricas em torno das quais o seu sistema de valor pode ser construído, como vocês fazem em datas, fatos e estatísticas...

Em seu planeta, vocês criaram uma sociedade na qual o pequeno Johnnie aprendeu a ler antes de sair da pré-escola, mas ainda não aprendeu a parar de morder o seu irmão. E Susie decorou nas ‘primeiras séries a sua tabuada, usando cartões vistosos e a sua memória, mas não aprendeu que não há nada de vergonhoso ou constrangedor em seu corpo.

No momento atual, suas escolas existem em primeiro lugar para fornecer respostas. Seria muito melhor se a sua função principal fosse fazer perguntas. O que significa ser honesto, responsável ou “justo”?

Quais são as implicações? O que significa 2 + 2 = 4? Quais são as implicações? As sociedades muito evoluídas incentivam todas as crianças a descobrir e criar essas respostas para si mesmas...

Eu não estou sugerindo que suas escolas nunca ensinem a seus filhos nenhuma das coisas que vocês aprenderam ou decidiram em relação a elas. Muito pelo contrário. As escolas servem a seus alunos quando partilham com os Jovens o que os Mais Velhos aprenderam e descobriram, decidiram e escolheram no passado. Os alunos podem então observar como tudo isso funcionou. Contudo, em suas escolas, vocês apresentam esses dados para os alunos como O que É Certo, quando os dados na verdade deveriam ser oferecidos como simplesmente isso: dados.

Os Dados Passados não deveriam ser a base da Verdade Atual.

Os dados de um tempo ou uma experiência anterior deveriam ser apenas a base para novas perguntas. O valor deveria estar sempre na pergunta, não na resposta.

E as perguntas são sempre as mesmas. Com relação a esses dados passados que nós lhes mostramos, vocês concordam ou discordam? O que pensam? Essa é a pergunta principal. Esse é o enfoque.

O que pensam? O que vocês pensam? O que vocês pensam?

Obviamente as crianças levarão para essa pergunta os valores de seus pais. Os pais continuarão a ter um grande papel- o mais importante – na criação do sistema de valores dos filhos. A intenção e o objetivo da escola seria incentivar os alunos, do início ao fim da educação formal, a explorar esses valores, aprender como usá-los e aplicá-los – e, sim, até mesmo a questioná-los. Porque os pais que não querem que seus filhos questionem os seus valores não os amam. Em vez disso, amam a si mesmos por meio de seus filhos...

Na Escola Waldorf, o professor acompanha os alunos em todos os níveis do aprendizado primário e do elementar. Durante todos esses anos, os alunos têm o mesmo professor, em vez de passar de um para outro. O Senhor pode imaginar o laço que se forma aqui? Pode ver o seu valor?

O professor passa a conhecer o aluno como se fosse seu filho. O aluno passa a ter um nível de confiança no professor e amor a ele que abre portas que muitas escolas tradicionais nunca sonharam que existiam. No final desses anos, o professor volta para a primeira série e começa a acompanhar outro grupo de alunos ao longo dos anos. Um professor Waldorf dedicado acabará trabalhando com apenas quatro ou cinco grupos de alunos em toda a sua carreira. Mas significará bem mais para eles do que seria possível em uma escola tradicional.

Esse modelo educacional reconhece e afirma que o relacionamento humano, e o laço e o amor partilhados nesse modelo, são tão importantes quanto quaisquer fatos que o professor possa apresentar aos alunos. É como uma educação informal, fora do lar.

...Vocês têm feito alguns progressos em seu planeta no que diz respeito à educação, mas eles são um pouco lentos. Até mesmo a tentativa de desenvolver um currículo voltado para objetivos e para o desenvolvimento de habilidades nas escolas públicas encontrou grande resistência. As pessoas consideram isso ameaçador, ou ineficaz. Querem que seus filhos aprendam fatos. Ainda assim, estão surgindo alguns avanços nesse sentido, mas ainda há muito por fazer.

E essa é apenas uma área da experiência humana que poderia lucrar com uma revisão geral, dado o que vocês dizem, como seres humanos, que estão tentando ser.

extratos de Conversando Com Deus Volume 2 – Neale Donald Walsch
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